sábado, 31 de julho de 2010

Sensibilidade (ou falta de)

Queria não ser tapado pra várias coisas. Queria mesmo. Ah, é tão ruim não ter sensibilidade em várias situações. Perceber que certas coisas não são faláveis, que certas atitudes machucam.

Proteste já!

O ano mal começou, e já estamos no segundo semestre. E é semestre de vestibular. Tenho pouquíssimos dias pra decidir o curso que vou prestar. Não é nada simples. Muitas coisas entram em jogo:
-pressão dos meus pais: graças a Deus não tenho problema algum com isso, pois meus pais me apoiam no curso que eu escolher.
-pressão do futuro próspero: uma balança, onde em um dos lados se encontra o 'fazer o que gosta', e no outro o 'fazer o que dá dinheiro'. Perfeito seria aliar as duas coisas. Mas e se não dá? Dinheiro realmente importa? Mas se escolher uma profissão que dê dinheiro, não estarei buscando mais do que eu realmente preciso?
-pressão das pessoas próximas: infelizmente, muitas pessoas próximas ainda tem a mentalidade pequena de que só existem três opções de curso: engenharia, direito ou medicina. Talvez, atualmente, entrem alguns cursos nesta lista, como administração ou economia. Enfim, quando você fala que quer um curso diferente destes, você é visto como um cara bobo, que não pensa no futuro, ou imaturo 'porque quer fazer o que gosta'. A pressão dessas pessoas só faz com que você realmente não escolha nenhum dos cursos que elas sugerem.

Creio que são as principais pressões.

O que me deixa muito bravo é acharem que estou escolhendo um curso por ser mais fácil de entrar. Não sei de onde as pessoas tiram isso, mas é ridículo. Dane-se se a nota de corte do meu curso é 40 ou 80. Não faz diferença, vou me esforçar do mesmo jeito.
Outra coisa chata é falarem que você não pode fazer o que gosta, pois fazer o que gosta é hobbie. Grande besteira.

Eu entendo que talvez as pessoas só estejam querendo o meu bem. Mas pra mim isso é pensar pequeno.

Se eu fizer geografia, for professor, vou me esforçar pra ser o melhor geógrafo, o melhor professor.
Vou ganhar menos do que ganha um engenheiro, ou um executivo, ou um médico. Mas eu vejo por meu pai, engenheiro. Trabalha muito, e é insatisfeito com a profissão, com a cobrança excessiva, com o fato de sofrer pressão porque um cara quer ter mais dinheiro.
Um executivo passa o dia inteiro num escritório, atrás de um computador, pensando em como fazer mais dinheiro. Muitas reuniões. Estresse o tempo todo. Um médico tem uma vida muito corrida, plantões, não tem horários... Ok, eles estão se esforçando. Mas e o tempo pra Deus? E o tempo pra família? Trabalham pra viver ou vivem pra trabalhar?
Será que sua família quer que você traga muito dinheiro pra casa, ou quer que você passe tempo com ela? Que você dê um pouco de atenção? Que você brinque com seus filhos? Que você ouça a sua esposa? O relacionamento familiar está muito complicado, ultimamente há milhares de separações, de famílias destruídas. Isso se deve grandemente ao fato de as pessoas não terem tempo pras outras pessoas. Ninguém quer passar tempo junto, ninguém quer ouvir, ninguém se esforça pra ter um tempo de qualidade.

Não, não é todo engenheiro, médico ou executivo que não dá atenção pra família. Meu pai dá muita atenção pra gente. Não é regra. Mas é maioria.

O que estou querendo dizer é que eu não me vejo fazendo uma profissão dessas. Eu POSSO sim, fazer o que gosto e estar muito contente com tudo o que tenho, mesmo que não seja muito. O suficiente, tenho certeza que vou ter. E fazendo o que gosto, tendo prazer no meu trabalho, vou ter um tempo de mais qualidade em casa. E eu acho isso fundamental.

Texto de desabafo.